Sim, eu sou!
No início eu não queria. Sempre falei que não tenho moral nem com o Timão ou com a minha afilhada. Como vou dar aula? E de Inglês? Não tenho voz ativa com cachorros... Que dirá com crianças...
Na sexta eu saí. Cheguei em casa 6h da manhã de sábado... Matei o Inglês (olha o exemplo da teacher...). Tava morrendo de sono, mas ainda assim acordei 8h no Domingo. Morta era uma boa palavra pra me definir... Mas tinha que ir... Eu fui. E foi a melhor coisa que poderia ter acontecido!
É incrível como as crianças são poderosas. Mesmo quando elas se transformam em pequenas criaturinhas malvadas e implicantes elas nos ensinam que ninguém é bom por inteiro. Inclusive as crianças...
Minha turma (é engraçado escrever isso) tem seis alunos. Cinco meninos e, por mais incrível que pareça, só uma menina. As idades vão de oito a quatorze anos. Eu estava meio assustada, pensei: essas criaturas não vão calar a boca e vão me deixar maluca!
Elas realmente me deixaram maluca! Mas foi com as perguntas... Eles são muito curiosos! Era um tal de “tia, como se fala ‘pai’ em Inglês?” (...) “Tia, como se fala ‘melancia’ em Inglês?”. E quando eu não sabia alguma palavra eles ficavam bravos... Muito engraçado!
Mas o melhor foi bater papo com eles. E ser zoada só porque eu não consigo passar da quarta fase do Mário World sem ajuda. E ser defendida porque eu tenho medo de filme de terror (“ela é menina, ela pode ter medo”, foi o que o Emerson disse).
Aliás, o Emerson é um capítulo à parte. Ele é incrível! Tem 12 anos e é muito interessado, mas sem ser nerd. É carinhoso sem ser uma criança grudenta, sabe? E tem uns olhos de mangá quando tá feliz. Enormes e cor de mel... Ou seja, uma doçura! Bati vários papos com ele e já tinha elegido o meu preferido na turma (sempre tem um, né?) quando o amiguinho dele, Daniel, soltou a seguinte frase: “esse moleque é muito triste ele nem brinca”.
Claro que nesse momento eu franzi a testa e perguntei: “como assim?”. E a conversa se desenrolou da seguinte forma:
Daniel: ele toma conta das irmãs mais novas.
Eu: é? Mas por que?
Daniel: porque a mãe dele trabalha e os irmãos mais velhos também.
Emerson: por isso que eu venho pro colégio no Domingo. Porque aí eu brinco no computador (lá também tem aulas de informática), jogo bola na quadra e agora vou fazer Inglês.
Ou seja: ele só pode ser criança nos Domingos... Ao contrário de mim, que fui criança em tempo integral, e no auge dos meus 12 anos brigava e ameaçava ir ao juizado de menores quando a minha mãe me mandava lavar a louça. O Emerson toma conta de uma irmã de cinco e de outra de um ano e meio. Eu sei que isso existe aos montes por aí. Sei que existem histórias piores, muito piores. Mas eu realmente fiquei chateada.
Sei lá, é estranho. Eu queria poder fazer muitas coisas. Mas não posso. Espero conseguir retribuir tudo o que eles me ensinaram hoje...
No mais, a aula foi ótima! Acho que eu posso dar uma enganada de professora de Inglês!
=D
De volta!
Há 12 anos
4 comentários:
The book is on the table!!!!
Não sei porque, mas seu post tá me fazendo lembrar de Carrossel...
¬¬
Bocó!
Neese momento sentimentalóide...quase chorei!rsrs
Sabemos q isso acontece todo dia em diversos lares,mas concordo,é estranho.
Me deu vontade d chorar,primeiro porque penso na minha infância,onde tbm fui criança em tempo integral e aproveitei muito.E vejo que nem todoas as crianças têm esse direito.
Segundo,me deu uma nostalgia e com tantos problemas hj,me deu uma ontade de voltar a ser criança!
Na verdade não fui tão sentimentalóide, mas com toda certeza dá uma tristeza em saber que nem todas as crianças podem ser crianças ;s assim como minha irmã não foi, aos doze também cuidava de mim e estudava e eu só tinha 3, aos 17 trabalhava. Ela pulou da infancia pra maturade muito rápido. E eu ainda sou uma bocósinha mimada e sinceramente falando teho medo de creser e assumir as responsabilidades que me esperam de braços abertos.
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